Já escrevi aqui no blog sobre a busca por uma melhor localização do
lugar Alvelos, que passou por mudanças em várias tentativas de estabelecimento no
Solimões, mudando-se para o Lago de Coari, até fixar-se onde hoje é a cidade de
Coari. A mudança geográfica que a missão dos carmelitas sofreu era justamente
em busca de uma melhor localização que favorecesse o desenvolvimento da vila
como importante ponto de saída para o comércio e não apenas com a meta de
alcançar as almas perdidas dos índios da região.
Além
destes objetivos que citei acima, as vilas eram utilizadas também como base
para os descimentos de índios. As vilas representavam a sede do poder religioso
assim como do poder político. Nelas ocorria o projeto civilizatório dos
colonizadores, através da imposição da língua portuguesa em prejuízo da língua
geral, a obrigação de frequentar a escola e a promoção do casamento entre
nativos e soldados.
A
principal atividade econômica destas vilas, assim como a de Alvelos era o
extrativismo vegetal: os produtos eram exportados in-natura ou no máximo
semi-beneficiados. Sobre Coari, em 1743
há um relato onde é possível perceber alguns aspectos que se enquadram neste
contexto histórico. La Condamine
afirma que: “Coari (...) Esse povoado era
formado por diversas nações que foram trazidas (em descimentos) para viverem na
vila”.[1]
Essa população, aumentada pela presença de soldados e índios transplantados
permitiu a aldeia ser elevada a situação de “Lugar”, depois tornou-se freguesia
e posteriormente vindo a torna-se uma Vila.
A
Vila Coari ainda não havia sido criada oficialmente do ponto de vista político,
ostentando apenas o título de “Lugar”, mas a presença marcante da Igreja
Católica na região permitiu a criação da Paróquia de Nossa Senhora de Santana,
no ano de 1774. Os primeiros registros dão conta de estar às instalações
religiosas em bom estado de conservação, segundo informou o intendente geral
Francisco Xavier Ribeiro de Sampaio, no ano de 1775 dizendo que a “Igreja e as
residências do diretor e vigário, e as casas dos índios ele havia achado em
estado ordinário” [2].
Portanto, a organização
religiosa permitiu a criação da paróquia antes da organização política de Coari
como Vila. Desta informação infere-se o fato das cidades que surgiram no
Amazonas terem a predominância religiosa tão ou mais importante que a civil.
Quando a província foi inaugurada a Paróquia de Coari pertencia ao terceiro
distrito eclesiástico, e o seu primeiro vigário foi o padre Luis Gonçalves de Azevêdo.
[1] Viagem Pelo Amazonas, 1735-1745. Charles-Marie de La Condamine, Hélène Minguet. Editora Nova Fronteira, 1992. Pag. 73.
[2]Annaes da Biblioteca e Archivo Público do Pará / Por
Belém (Brazil). Biblioteca e Arquivo Público. 1906
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