Daniel Maciel Gomes
Bacia do Solimões |
Para entendermos a formação do município de Coari é necessário reconstruirmos toda a composição histórica e o contexto em que os fatos ocorreram. A partir de uma missão jesuíta tomada pelos portugueses a freguesia de Alvéolos foi a célula originária do que mais tarde viria ser a Vila de Coari e com o passar do tempo evoluiria até chegarmos a Coari de nossos dias.
Este processo de evolução histórica ocorreu sob aspectos peculiares da região amazônica e especificamente da região do Solimões, dos lagos adjacentes e das florestas densas que não estavam vazias por ocasião da chegada dos espanhóis e portugueses à bacia do Solimões. Haviam moradores nativos, que escreveram a sua própria história e que serviram, certamente a contragosto aos objetivos de povoar as missões religiosas.
Esta história foi registrada ainda que precariamente muito antes de Coari existir como uma organização social e da forma como conhecemos hoje. A busca pela gênese da localidade sugere respostas a algumas perguntas, e daí a curiosidade é aguçada em torno de descobrir como esta história aconteceu e seus múltiplos aspectos a partir da composição do tecido social formado por nativos, espanhóis e portugueses na região do Solimões.
Como era a região de Coari centenas de anos atrás? Quais eram os seus habitantes? De que forma viviam? Como era organizada a vida social dos primeiros habitantes da região? Qual o impacto do convívio com os europeus? Como isso contribuiu para o surgimento do povoado que originou a cidade de Coari? Algumas destas respostas podem ser respondidas quando estudamos os nativos da região.
Especificamente há peculiaridades sobre os primórdios de Coari que ficaram registrados pelos primeiros expedicionários ao passarem pelo Solimões em viagens colonizadoras. Diante destes registros é possível reconstruir o pano de fundo histórico para entendermos os rumos que levaram ao surgimento de mais uma cidade incrustada no meio da floresta amazônica.
Mais que uma história recente marcada pelos avanços dos progressos modernos há uma história escrita a ferro e fogo, a suor e sangue, história pintada por noites prolongadas e cheias de mistério, descrita de forma vívida por quem fez sofrer e sofreu, escravizou e foi repelido, lucrou e foi explorado, viveu e morreu no desbravamento das matas e dos rios povoados de animais e de homens que contaram a saga da formação das cidades em meio à floresta inóspita.
A história de Coari, cidade originada no centro do Estado do Amazonas por nativos que por aqui viviam e que viram suas vidas serem transformadas por estrangeiros que aqui chegaram para formação de mais uma cidade que surgiu no meio da selva amazônica como resultado da colonização estrangeira.
1 Comentários
É sempre intrigante a composição histórica da formação, delimitação e construção filosófica do município e da cidade de Coari, de Coari porque se refere ao lago onde nasceu. Muito antes de se pensar em cidade, as etnias ensinaram aos brancos os nomes dos acidentes geográficos que os cercavam. Porisso, várias nomeclaturas de época não perderam sua função de nominar os espaços, que outrora, pertencia ao etnico mundo tribal amazônico. A cidade que possui uma gênese, até então, posta numa via de tragétoria efêmera, vem na verdade , pelos descimentos de vários grupos tribais dominados pela fé, simpatia e desmandos dos missionários jesuítas. Bom lembrar, que, naquela época, havia apenas aldeamentos, dentro das áreas de missões , de cunho religioso, organizadas pelos mais bem preparados pregadores de colônias , diga-se de passagem, espalhadas por todo o mundo. Aqueles jesuítas, jovens, guiados por Deus e por sua fé cristã, eram educados pelos grandes mosteiros da Europa, desde cedo! O custume era da instrução e formação acadêmica a jovens meninos pobres, das aldeias européias! As famílias entregavam seus meninos para igreja, e desde cedo aprendiam manejar armas brancas e de fogo, depois, aprendiam a ler e escrever! Desse modo, difícilmente voltariam a casa paterna, pois teriam uma vida totalmente dedicada as colônias, tanto espanhola ( de Castela), quando portuguesa ( da Lusitânia). Os religiosos aprendiam a arte da guerra, pois quando a oração não fosse suficiente pra defesa de seus territórios, a lâmina e a pólvora fariam seu papel. Esse desprendimento todo, e todo esse aprendizado, de leitura, ciências, astronomia, cartografia, geografia e línguas, além da Palavra faria dos missionários grandes pesquisadores e cientistas! Foi assim que, muitas crônicas, mapas e outros relatos, ficaram guardados até hoje nos museus da Europa, como o de ciências de Paris, e os da Espanha e Portugal. Pra nós, que temos o intuito de buscar as respostas, as nossas problemáticas de resgatar e reconstruir nossas origens etnicas e, ainda, cartografia regional, nos é negado, por insuficiência, o contato a esses relatos antigos, a que consigamos nos redefinirmos como os verdadeiros ancestrais amazônicos de um tempo tão épico! Mas toda hora é hora de começar e resgatar!
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