Nem toda a região do vale amazônico e, por conseguinte, dos principais demais rios e lagos eram intensamente povoados. Haviam áreas intensamente povoadas e outras intocadas pelos homens, locais de grande influência humana com comunidades que reuniam mais de 5 mil indivíduos (com plantações e estradas) e outros locais de menor influência populacional (como as florestas densas). Buscas arqueológicas da região amazônica mostram que em torno dos assentamentos foram encontrados sinais de represas e lagos artificiais que indicam que os habitantes criavam peixes bem próximo às suas moradias.
Além desta forma primitiva de piscicultura também foram identificadas remanescentes de áreas cultivadas[1]. Para ter noção do período histórico é preciso descrever a data em que estes assentamentos foram formados. Estudiosos afirmam que provavelmente entre 1250 e 1650 foi o período mais intenso desta forma de povoamento da região, ou seja, muito tempo antes do contato com qualquer outro tipo de cultura. Daí é possível o que representou a presença do colonizador europeu na região.
Existem números, ainda que estimativos, que demonstram o quanto a região amazônica era povoada. Pesquisadores afirmam que por volta do ano 1.500, a população nativa da região amazônica oscilava entre 1,5 milhão e 2 milhões de habitantes, divididos em pelo menos 20 grupos tribais – muitas vezes inimigos entre si. A presença deste homem amazônico era mais sentida nas áreas de várzea com uma maior concentração demográfica em relação à terra firme, ou seja, a grande maioria da população concentrava-se nas regiões de várzea, fato que é peculiar à região uma vez que ainda hoje, nas áreas rurais a maior concentração demográfica ainda é nas áreas de várzea.
[1] A pesquisa foi feita por pesquisadores brasileiros e norte-americanos. Um dos autores é Afukaka Kuikuro, da Associação Indígena Kuikuro do Alto Xingu e descendente dos habitantes originais dos assentamentos.
1 Comentários
É bom encontrar leitura que envolva e revolva o pensamento regional, junto a nossa vontade etnica de redescobrir nosso espaço geográfico, antropológico e, acima de tudo, humano. As etnias que habitavam as margens do grande rio da planície amazônica, tem uma descendência que jamais saberemos qual o fora! O branco europeu chegou ao continente americano trazendo uma tecnologia moderna, eficaz e extremamente necessária pra marcar sua passagem na história da grande floresta! A tal potente tecnologia se chamava escrita! Enquanto o branco usava o bico da pena pra registrar o curioso local da nossa região, nossos bravos e guerreiros ancestrais apenas usavam das penas como adornos de cabeça ( o cocar), de braços, pernas e bocas. Há um grande silêncio literário sobre a região amazônica antes do olhar curioso e ganancioso do europeu! É claro que ciências como a paleontologia, antropologia e outras , que auxiliam a gente observar o passado e seus costumes remotos, nos dão uma leitura , a base de hipóteses, teses, suposições e aspirações da origem, costumes e outros dados, os quais nos ajudam a recolher, de sítios e sambaquis, um pouco do que era, e de quem era, o homem amazônico de até dez mil anos atrás. Mas por não ter dominado a escrita, e nos ter deixado sua história em tinta e papel, ficou em desvantagem em relação ao europeu, que apenas quis do mesmo a mão de obra, o conhecimento natural sobre a selva ( de toda sua biodiversidade), e assim o foi subestimado!
ResponderExcluirAs etnias que resistiram a escravidão, ao ataque, e que saiu sem rumo pela selva, errante, foram as que conseguiram deixar descendentes! Com sua sabedoria selvagem nos proveu de hábitos e custumes que só a nós, os atuais habitantes da região, somos capazes de entender e nos valer! Parabéns pelo Blog.