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OS INDIOS DE COARI NO SÉCULO XVIII

Daniel Maciel Gomes


No Roteiro de Viagem da Cidade do Pará até as Últimas Colônias do Sertão, publicado no ano de 1768, José Monteiro de Noronha descreve que no que em outro tempo habitaram no Rio Coari os índios das nações Katawixi e Yuma, dos quais desceram alguns para o lugar de Alvelos. Porém, depois que os índios Muras chegaram ao Rio Coari, os índios das duas nações citadas acima se mudaram para o Lago do Tapauá. Essa hostilidade da nação Mura, foi sentida na região de Coari através de constantes conflitos, uma vez que estes nativos eram hostis e evitavam o contato com a civilização branca, rechaçando qualquer tentativa de invasão de seus territórios, essa hostilidade será tratada com mais aprofundamento no capítulo em que será abordado aspectos do Lugar Alvelos.

Os índios Muras rejeitavam um profundo ódio contra tudo que limitasse sua liberdade: resgates ou descimentos, aldeamentos ou missões. Dentro deste aspecto, ficou registrado um dado histórico sobre a “varredura” atrás de índios Muras pelas margens do Rio e do Lago de Coari onde os índios desta etnia eram comumente vistos. Em 1759, uma escolta comandada pelo capitão Aniceto Francisco executou uma que saiu do Lugar de Alvelos, no Solimões, onde convocou a tropa que precisava para entrar no mato e realizar a varredura; percorreu todas as margens e lagos do rio Coari, por onde costumavam andar os índios Muras. Entretanto, “não topou com pessoa alguma sendo o motivo desse mau sucesso, o estar o rio muito cheio, e ter-se recolhido todo o gentio para o centro do mato aonde costumavam passar o inverno” [1].

 Coari estava entre as vilas e os lugares que os Mura permanentemente atacavam. Além de Coari (a antiga Arvellos, escrito desta forma mesmo), Silves, Tefé (Ega) e Fonte Boa eram alvos dos ataques dos Mura[2].

 Desta época uma curiosa descrição sobre os índios encontrados pelo Padre João Daniel, jesuíta que viveu na Amazônia do século XVIII e escreveu um livro na prisão entre 1757 a 1776, chamado Tesouro Descoberto. Neste trabalho literário ele revela com riqueza de detalhes a organização os hábitos e costumes das populações indígenas locais.

 Em Coari, ele destacou a aparência física dos indígenas que o surpreendeu. Ele descreveu em seu livro que a aparência dos nativos não lembrava selvagens pagãos. O que surpreendeu João Daniel não foi a diferente aparência física, pelo contrário, e sim a semelhança com quem vinha de outras terras para cumprir a missão religiosa em Coari e outras áreas da inóspita Amazônia. Foi inevitável a comparação dos nativos encontrados por ele com as demais pessoas das civilizações europeias das quais ele já estava acostumado ver.

 Em sua narrativa o religioso diz o seguinte: “Algumas fêmeas a que além de suas feições lindíssimas, têm os olhos verdes e outros azuis com uma esperteza e viveza tão graciosa que podem ombrear com as mais escolhidas brancas” [3]. Esta descrição evidencia aspectos importantes do aculturamento e da miscigenação que já estava em andamento, contribuindo para a concretização dos núcleos populacionais que formariam as vilas e cidades do Amazonas das quais, Coari era uma.

 Sobre João Daniel.

 O jesuíta João Daniel nasceu numa aldeia em Travassos, Portugal, em 1722, e entrou para a Companhia de Jesus quando chegou ao Grão Pará e Maranhão com 19 anos, terminando a sua formação no colégio da Companhia em São Luís. Iniciou a atividade missionária por terras amazônicas em 1745, percorrendo toda a região onde desempenhou variadas funções durante 12 anos, até 1757, após a supressão da Companhia pelo Marquês de Pombal.

 Viveu anos nas prisões do reino: 18 anos nos fortes de Almeida e de São Julião, vindo a falecer em 1776, um ano antes da queda de Pombal e da libertação dos presos.



[1] Carta de Joaquim de Mello e Póvoas para Francisco Xavier de Mendonça Furtado. Barcelos, 15 de

janeiro de 1760 (In: CEDEAM, 1983, doc. 9).

[2] As Três Amazônias, pg.24. 1994 – MARILENE CORRÊA DA SILVA.

[3] João Daniel, Tesouros Descoberto (1757 e 1776).


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3 Comentários

  1. Muito bom seu trabalho, fico feliz que Coari têm história...

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  2. Existem mesmo muitas coaris. A de hoje nem de longe lembra o aldeamento localizado nas áreas entre Tefé e Fonte boa, foi de lá que veio o primeiro núcleo tribal, que por sinal já amontoava várias etinias. As aldeias que Fritz instalou ao longo do rio Maranon, a partir de Tabatinga até Tefé e Fonte boa, seriam diversificadas e fatalmente proveriam descimentos de clãs e tribos a outras localidades na tentativa de repovoar a região daquele rio nas áreas baixas da Amazônia! Naquele tempo, Solimões, Amazônia, Coary, e outros vocábulos próprios que usamos hoje, cotidianamente, ou ainda não existiam ou ainda não eram empregados pra denominar os lugares e locais que hoje denominam! Os limites geográficos não estavam estabelecidos. A própria missão da chamada Santa Teresa, hoje a cidade de Tefé, se tornaria uma grande área geografica ( de Tefé a Tabatinga), incluso a área do município de Coari atual. Somente em 1854 o município que abrigaria a clássica e singela Villa de Coary, seria demarcado a partir daquele ano. E somente em 1917 os coarienses começariam a demarcar definitivamente seus limites municipais oficiais. Aqueles coarienses de 103 anos atrás já tinham anseios de se desmembrar , de vez, das áreas da outrora sede da Villa de Ega. Coari, geograficamente, é descendente de Tefe, mesmo que não o queira. Entretanto foi a primeira área daquele município que se desvinculou pra se tornar uma cidade, uma região e um núcleo político, independende, autônomo e totalitariamente provedor de si próprio c, e economicamente. Tefé, durante todo o século XIX e XX ficou na iminência da ceder áreas de sua região colossal a da vida e voz a novas cidades e municípios. Mas não era seu desejo como soberana do alto Maranon. Após Coari obter suas próprias rédeas, e se tornar dona de seu próprio Nariz, várias outras cidades seguiriam o exemplo: Tabatinga, Fonte boa, Japurá , Maraã, Uarini, Alvaraãs, etc. Porisso, até hoje, antigos tefeenses defendem a tese de que algumas culturas especiais , que nasceram naquelas cidades, quando eram parte integrante de Tefé, são culturas tefeenses. Exemplo disso é a farinha do Uarini e a própria Ciranda, que teria nascido em Alvaraãs, e depois aTefé.
    Nessa história toda, Coari caminhou e chegou onde hoje está no século XXI, mas sem ter deixado grande parte de sua história escrita e armazenada a nos prover com maiores dados a mão! Por isso devemos sair e ir de encontro a sua caminhada de glórias, fatos e grandes acontecimentos que a todo instante a tornaram o que hoje a é. Um marco de concentração populacional e de empreendimentos humanos.

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  3. Esaa imagem dos índio de Coari fique bem impressionado em saber da origem dos índios. 👏👏👏👏👏👏

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