Daniel Maciel Gomes
Primeiro assentamento, canal de Paratari. Segundo assentamento, Uanamá ou Guanamá. Terceiro assentamento, Sítio Guajaratiba. Quarto local: Lago de Coari.
O novo local, dentro do Lago de Coari e a
situação de Alvelos ao longo do tempo, são descritos em muitos registros
históricos com riquezas de detalhes.
O povoado ficava a quatro léguas da foz do Rio
Coari conforme narraram os que por aqui passaram em idos distantes: “À arenosa
margem de encantadora baía. Em 1788, não chegava sua população bem a trezentos habitantes, muitos dos quais
eram soldados de Portugal, casados com índias e o resto variegado misto de muitas
tribos”.[1]
É dito na Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, que Coari
tinha 54 habitantes livres, 14 escravos e 400 índios. Assim, o pequeno povoado é descrito por
Manuel Aires Casal:
“Este
distrito fica entre o rio do seu nome, e o principal braço do Purús, com 34
léguas de largura na frente, ou parte setentrional... Alvelos vila pequena,
situada sobre uma grande enseada em um vistoso arraial, quatro léguas acima da
boca do Coari, do qual teve noutro tempo o nome.” [2]
Localizado no Lago de Coari, Alvelos era
subordinado à jurisdição Ega (hoje, Tefé) e ficava e em terreno plano e alto na
margem direita do Rio Coari, “localizada cerca de quatro léguas acima da foz do
rio sobre uma ampla baia, formada pelos rios Urucú e Aruá (Aroã) que lhe emenda
pelo ocidente”.[3] Os
habitantes de Alvelos eram descendentes diretos dos índios Uamanys, Sorimões,
Catauxys, Jumas, Irijús, Cachiuáras e Uayupés.[4]
Os moradores do povoado bebiam a água do Lago que era considerada de excelentes
para o consumo. Nos idos de 1840 a igreja católica que havia no lugar já era
dedicada a Santa Ana.
Apesar da magnitude e da riqueza da região, do
lugar ser abastado de peixes e tartarugas e especiarias, Alvelos sofria
problemas que dificultava a permanecia de pessoas no local, assim como o seu
desenvolvimento na agricultura, por exemplo. O local era empestado de pragas,
conflitos intertribais ameaçavam os colonos, as intempéries e localização
geográfica de difícil acesso em período de vazante complicavam ainda mais quem
morava no lugar.
A base da economia do povoado era o
extrativismo, apesar de haver grande dificuldade para a agricultura por vários
fatores, como veremos adiante. O extrativismo e a agricultura baseava-se na
colheita de cravo, cacau, copaíba e salsaparrilha.[5]
Além do extrativismo, a aldeia também vivia da fabricação da manteiga de ovos
de tartaruga que eram muito numerosas na região, á época.
Existia no lugar:
Olarias rudimentares e fabricação de tecidos de algodão. Ainda foi registrado
que em Alvelos havia “cabeças de gado vaccum, porém o seu sustento ordinário
são tartarugas, de que há abundância. É um lugar frequentado do Gentio Mura: trazem
tartarugas, flechas, salsa e os moradores lhes recompensam com facas, machados,
etc”.[6]
[1] História do Brasil, por Robert Southey, Luiz Joaqui Oliveira e Castro, Joaquim Caetano
Fernandes Pinheiro. Ed. Itatiaia, 1981. Pag. 386;
[2]Corographiabrasilica, ou, Relação Historico-Geographica
do Brazil Por Manuel Ayres de Casal, Pero Vaz de Caminha Edition: 2 Publicado
por E. e. H. Laemmert, 1845 Observações do item: v. 2 Original da Biblioteca
Pública de Nova York Digitalizado pela 20 dez. 2007
[3]Ensaio corográfico sobre a província do Pará Por
Antonio Baena. Senado Federal, Conselho Editorial, 2004.
[4] Manuel Aires Casal.
[5]Corographia Brasilica, ou, Relação Histórico
Geographica do Brazil. Por Manuel Ayres de Casal, Pero Vaz de Caminha. 2ª
Edição. Publicado por E.e. Laemmert, 1845.
[6] Jornal de Coimbra. 1813. Lisboa. Na impressão régia. Pag. 349.
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