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COARI: A ORIGEM DO LUGAR ALVELOS E SEUS VÁRIOS ASSENTAMENTOS.

 Daniel Maciel Gomes


Militares, comerciantes e missionários foram os principais responsáveis pela plena incorporação das antigas populações nativas da Amazônia ao império português, este processo de ajuntamento ocorreu ao longo dos séculos XVI e XVII. Estes atores sociais e históricos desempenharam papéis importantes no processo político-social para que as organizações populacionais se estabelecessem em povoados e vilas próximas a rios e lagos.

Os comerciantes colhiam e mercantilizavam com a Europa os produtos naturais chamados “drogas do sertão”. Os religiosos interessados em catequizar os nativos da região fundaram dezenas de missões na floresta dando inicio ao povoamento e os militares construíram fortificações em pontos estratégicos para impedir a invasão da região.

Neste contexto, nasceram os povoados que deram origem as principais cidades da região.

O local onde a cidade de Coari se encontra hoje é o quinto lugar, depois de quatro tentativas de assentamentos ao longo do Rio Solimões. Sempre sobre os cuidados das missões religiosas que procuravam as melhores localizações para habitação e povoados.

As várias tentativas de uma melhor localização para o povoado ocorreram em virtude dos vários ataques dos índios Muras e dos insetos (provavelmente carapanãs, mutucas e piuns) abundantes as margens do Solimões, além de outros problemas facilmente detectados nos registros históricos.

PRIMEIRO ASSENTAMENTO DE ALVELOS[1]

No Solimões, entre o trecho que ficava o rio Manacapuru e o Rio Coari, Alvelos foi um destes povoados. Quanto à primeira localização do lugar, as narrativas mais antigas informam que a missão religiosa que originou Coari, estava localizada no Canal de Paratari, afluente do Rio Solimões: “Oito léguas acima de sua entrada inferior” [2]. O assentamento ficava à margem esquerda do referido canal. Paratari, é um canal do Rio Purus 140 km acima de Manacapuru, Ali foi estabelecida a primeira fundação da missão religiosa carmelita.

“Quatro léguas acima da barra do Coari está situado, na sua margem oriental, o Lugar de Alvelos. A sua primeira fundação foi no canal de Paratari, declarado no parágrafo 89, na margem esquerda e oito léguas acima da sua barra[3]”.

Outra citação corrobora a afirmação da denominação de Alvelos como tendo sido o Canal de Paratari o seu primeiro assentamento: “...E para o lugar Alvelos quando estava situado no Canal de Paratari” [4].

SEGUNDO ASSENTAMENTO DE ALVELOS

O segundo local da instalação da missão carmelita foi em um riacho chamado UANAMÁ OU GUANAMÁ, meia légua acima da boca, o local ficava entre os rios Maruimtiba e Mauna. Quem efetuou a mudança foi o padre José de Madalena, da ordem dos carmelitas. A missão religiosa se estabeleceu na margem direita deste riacho. Segundo Octaciano Melo, citado por Leoncio Salignac: “Frei José de Madalena transferiu para outro local, pouco a montante do Paraná do Anamã, atualmente município de Codajás, à margem direita deste e a esquerda do Solimões[5]”.

TERCEIRO ASSENTAMENTO DE ALVELOS

O Sítio Guajaratiba (Guajaratuba ou Gujuratuba) foi o terceiro local onde a missão que futuramente seria Alvelos se estabeleceu. O responsável pela mudança do Rio Uanamá para o Sitio Guajaratiba foi o padre Antônio de Miranda. O lugar ficava doze léguas acima do Rio Manacapuru e subindo o Rio Negro quarenta léguas de distância. O local do aldeamento ficava na várzea, local baixo e alagado sujeito à praga das carapanãs e mosquitos enfadonhos, mas muito abundante em cacau. Segundo Leôncio Salignac, a Ilha Guajaratuba, ficava no Rio Solimões, atualmente no município de Manacapuru.

Foi esta abundância de cacau que fez o local ser escolhido para o assentamento da missão neste local, no entanto, a localização alagadiça fez com que os religiosos mudassem de ideia e resolvessem se retirar do local procurando uma melhor localização.

O texto histórico diz o seguinte: “Subindo da boca do Rio Negro até o lugar chamado Gujuratuba são quarenta léguas de distância. Fica este sítio da Parte do Norte em lugar baixo e alagado, sujeito à praga das carapanãs, e mosquitos enfadonhos, mas muito abundante de cacoais, e são os primeiros, que se encontrarão no Rio Solimões, de notável extensão. Estes foram as causas, porque os religiosos fundaram nele a primeira missão, porem o seu mau sitio, e conhecimento do país os fez mudar para o Rio Coari, onde se acha com a invocação de Santa Ana, que também teve de Gujuratuba”[6].

QUARTO ASSENTAMENTO DE ALVELOS

O quarto local para onde o povoado moveu, foi para o Lago de Coari. A missão foi transportada para o novo local pelo padre Mauricio Moreira, recebendo o nome de Aldeia de Coari. Em 1759 a aldeia foi elevada à lugar, recebendo o nome de Alvelos pelo coronel Joaquim de Mello e Póvoas, governador  da Capitania de São José do Rio Negro.

Enquanto a missão carmelita se estabelecia é importante compreender o contexto histórico em que os fatos se desenrolaram, neste momento em que foram buscados os vários lugares para que a missão carmelita fosse organizada definitivamente na localidade do Lago de Coari.

Na metade do século XVIII, durante o governo do Marquês de Pombal, (1750-77), as medidas políticas adotadas por Portugal modificaram o processo de colonização na parte ocidental da Amazônia. No ano de 1755 foram criadas a Capitania de São José do Rio Negro, a Companhia Geral do Grão-Pará e Maranhão e, por meio do Diretório, foi abolida a administração temporal que os religiosos exerciam nas missões indígenas que passaram a ficar sob responsabilidade de administradores leigos, bem como foi determinada a transformação de aldeias em vilas e povoados. Um período de transição importante na nossa história, uma vez que o governo voltava para a mão do estado monárquico e saia da esfera religiosa.


[1] Roteiro da viagem da cidade do Pará até as últimas colônias do sertão da província (1768). José Monteiro de Noronha, Antonio Porro. EdUSP, 2006 - 111 páginas. Pag.48.

[2] Ensaio corográfico sobre a província do Pará. Baena, Antônio Ladislau Monteiro. Brasília : Senado Federal, Secretaria Especial de Editoração e Publicação. 2004. 431 p. – Pag. 293.

Série : (Edições do Senado Federal ; v. 30);

[3] Roteiro da viagem da cidade do Pará até as últimas colônias do sertão da província (1768). José Monteiro de Noronha, Antonio Porro. EdUSP, 2006 - 111 páginas. Pag.48.

[4] Noticias para a Historia e Geografia das Nações Ultramarinas.  Academia Real das Sciencias. Tomo VI Lisboa na Typografia da mesma academia. 1856.

[5] Topônimos Amazonenses.

[6] Historia dos Jesuítas e suas missões na América do Sul. Alexandre José de Mello Moraes

E. Dupont, 1872. Pag. 499.


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