Este tipo de louça descrito na expedição é chamada de
tradição policroma da Amazônia, e são encontradas em uma extensa área que vai,
com interrupções, desde a ilha de Marajó até o sopé dos Andes, na Colômbia,
Peru e Equador.
Além de ser
densamente habitada, foi considerada como uma região muito rica. Rica em
minerais e farta de alimentos, tanto que além de ser denominada província de
Machiparo foi também chamada de “Aldeia do Ouro”, pelo fato de que indivíduos dessa população
usavam pingentes de ouro. A presença do ouro fomentava uma espécie de comercio
intertribal, falando sobre Machiparo, como destaca Acuña, no século XVII: “(...)
Produziam grandes quantidades de cerâmica de todos os tipos, tendo tudo isso
prevenido para o comércio com as outras nações, que obrigadas pela falta que sentem
destes gêneros em suas terras, vêm fazer grandes carregamentos deles”. (apud
Porro, 1995, p.127-128).
Tantos os
espanhóis (primeiros a terem contato com os primitivos desta região) quanto os
portugueses (os que efetivamente colonizaram a região) observaram o fato de a região ser
bastante povoada e rica em peixes e animais de caça.
Estas riquezas naturais foram atrativos para a cobiça dos exploradores e para
embates sangrentos entre os nativos e os europeus. “É, sem dúvida, o povoado
mais rico que já vimos” – relatou entusiasmado Alonso Robles, ainda sem folego.
“Estes índios têm verdadeiros depósitos, cheios de comida. Atrás da aldeia em
direção ao mato, encontramos currais, onde eles mantêm milhares de tartarugas,
como lá em casa os campesianos os criam porcos. Este é um lugar fabuloso
capitão!” .
Frei Carvajal
relata, nesta expedição de 1542, que os exploradores chegaram com fome a uma
aldeia numa barranca do rio, e como a aldeia fosse pequena, eles a saquearam.
Nessa aldeia o frei descreve
que havia muita louça de diversos tamanhos e formatos, alguns vasos enormes e
vasilhas pequenas, pratos e tigelas, e ele descreveu-as como de uma qualidade
excepcional, como as melhores do mundo, afirmou que ela é toda alisada e
esmaltada e de cores vivas que surpreendem. Ficou conhecida como "a aldeia
de louça", e deveria estar localizada às margens do rio Solimões, entre a
atual cidade de Coari e a foz do rio Negro.
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