Daniel Maciel Gomes
Imagem meramente ilustrativa
Os coarienses como
descendentes das populações nativas (indígenas) que moravam as margens de rios
e lagos da região; populações que foram dizimadas nos primeiros dois séculos de
colonização, tiveram sua gênese populacional formada de antepassados indígenas,
europeus e mais tarde africanos. Como fazia parte da política oficial da
colonização portuguesa recomendar o casamento entre soldados e índias o que foi
essencial na formação da população de Coari. Fica claro que toda a cultura
indígena que o coariense herdou principalmente o estilo de vida ribeirinho, foi
transmitido pelas mulheres indígenas.
Uma
correspondência de Joaquim de Mello e Povoas, encarregado de criar várias vilas
na Capitania do Rio Negro, para o Marquês de Pombal em 1758, já refletia sobre
o disposto no Diretório: "O meio mais eficaz, e pronto para se introduzir
nos habitantes desta Capitania a Civilização de que tanto carecem é o casarem
os soldados com as índias, como muitos os têm feito e a frequência das Escolas
em que aprendem os pequenos, não só a ler, escrever, e contar, mas tão bem a
língua portuguesa,”... Referindo-se, dois anos depois, a vila de Alvelos dizia
que achara naquele “lugar 24 mamelucos, e hoje me dizem que já passam de 30, e
fiz nele mais 04 casamentos...” .
Segundo Anísio
Jobim descreveu um quadro dos nossos nativos e dos lugares por eles habitados,
organizado em 1853, por ordem do presidente conselheiro Herculano Ferreira
Pena, existiam em Coari representantes indígenas dos Catauixis, Irijús,
Jurimauas, Purupurus, Solimões, Waupés, Uamanis, Muras. Estes indígenas já eram
domesticados neste tempo.
Ainda segundo o
mesmo registro citando João Wilkens de Mattos, em 1854 já não havia índios
bravos: “Atualmente não habita horda alguma gentílica nos rios Coari, Urucu e
Aroã, segundo informações de pessoas acostumadas a navegá-los para colherem
castanha, de que muito abundam as suas margens” .
Talvez este
aspecto dócil dos nativos tivesse contribuído para o aumento de uma prática
nada humana, o cativeiro dos índios por negociantes portugueses, que praticavam
este comércio criminoso. A pratica assim relatada: “Os regatões enchiam suas
canoas de miçangas, tecidos grosseiros, machados e aguardentes de cana e subiam
aqueles rios desertos. E, ou a troco desses objetos, ou à força, conseguiam
trazer selvagens às povoações do litoral, onde os cediam ou vendiam a quem os desejasse”. Por
conta desta prática vergonhosa os casos de morte de índios aumentavam dizimando
a população nativa da região. Escrevendo sobre isto Tavares Bastos escreveu que
os índios “chegavam fracos e abatidos; uma profunda nostalgia, moléstias e
sevicias arrebatavam por centena os Miranhas, empregados nos estabelecimentos
de Tefé e Coari”.
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