O trabalho das missões religiosas foi decisivo para o povoamento da região. Em Coari não foi diferente: tanto os jesuítas quanto os carmelitas passaram pela região de Coari e deixaram sua contribuição histórica para o surgimento do município. Estas duas ordens religiosas estiveram na gênese da história do Município de Coari, desempenhando papel de igual importância mesmo que em datas diferentes.
No amazonas a religião católica chegou juntamente com os espanhóis que desciam do Peru e com os portugueses que subiam de Belém, desenhando historicamente desta maneira a ocupação religiosa da região. Os portugueses iam estabelecendo-se a partir do baixo Amazonas, já os espanhóis vinham pelas cabeceiras através de aldeamentos missionários dos jesuítas ao longo dos rios Napo, Huallaga, Ucayali, Marañon e Solimões.
A religião como ferramenta ideológica foi decisiva, tanto para o aculturamento dos nativos, como para a colonização completa da região. Segundo Lourenço: “Abatiam-se as florestas... E na derrubada erguia-se uma cruz, à sombra da qual o carmelita, com o Evangelho na mão, convidava os indígenas a uma sociedade, de que aquele era o código[1]”. Os novos símbolos trazidos pelos religiosos eram muito mais que os símbolos de uma crença, tanto a cruz quanto a Bíblia passavam a ter valor em pé de igualdade com o da coroa real a quem representavam e diante do qual os indígenas passavam a estar submissos, ou seja, a monarquia portuguesa que se fazia representar pelos religiosos em nome da fé.
Especificamente no Solimões, a história de Coari é construída não pela harmonia entre as duas ordens religiosas e sim pela hostilidade em virtude de questões territoriais e políticas. Neste rio havia uma grande povoação indígena. Os missionários católicos colaboraram para estabelecer os limites de ocupação da penetração espanhola e portuguesa.
As ordens religiosas chegaram a momentos diferentes, ocupando locais específicos na região amazônica, cumprindo um papel importante para a organização política. Foram elas a base inicial dos lugares que futuramente seriam os municípios.
[1](Dicionário Topográfico, Histórico e Descritivo da Comarca do Alto Amazonas. Capitão Lourenço Armando Lourenço de Araújo).
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