É
de registro histórico que o Lago do Mamiá, no município de Coari foi um grande
núcleo de povoação indígena, local onde ocorreu uma frente de índios. Em março de
1786, o diretor Vila de Alvelos deu notícias daquele estabelecimento ao tenente
coronel João Batista Mardel. Informou que “o aldeamento ficava a meio dia de
viagem da Vila; já existiam quatro casas, das quais três eram bastante grandes;
tinha bastante milho e estavam fazendo roça de mandioca. Disse, também, que
estava socorrendo com farinha de mandioca na forma ordinária, e que os
indígenas estavam contentes, ao que lhe parecia. Deus os conserve: a gente já
anda mais descansada”[1].
Nessa localidade se desenvolveu uma povoação que recebeu a denominação de Lugar
de São Pedro do Mamiá.
O
Padre Manuel Aires de Casal publicou em 1817 uma importante obra com o título
Corografia Brasílica. Pesquisando o texto de Aires de Casal é possível perceber
quão poucos eram os núcleos coloniais do Solimões no período que precedeu o fim
da dominação portuguesa, ainda que muito provavelmente as fontes mais recentes
consultadas pelo autor devessem ser do final do século XVIII.
A
maioria era oriunda de aldeamentos dirigidos por missionários carmelitas e
habitados por indivíduos de diversas etnias indígenas. Aires de Casal afirma em
sua obra que os moradores de Alvelos eram descendentes das etnias Uamanis,
Sorimões, Catauixis, Jumas, Irijus, Cuchiuaras, Uaiupés.
Neste mesmo período os levantamentos
realizados pelo zoólogo Spix e pelo botânico Martius que nos anos de 1817 a
1820 fizeram uma longa viagem de estudos desde o Rio de Janeiro, passando por
São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Nordeste e subindo o rio Amazonas confirma as
informações acima descritas sobre as etnias dos quais descenderam os moradores
de Alvelos. Estes dois estudiosos relataram sua viagem num livro em três
volumes, publicados a partir de 1823. Eles eram bávaros (da Bavária ou Baviera,
um reino dentre as muitas unidades políticas que, cinquenta anos mais tarde
vieram a se juntar para formar a Alemanha). Faziam parte de um grupo de
naturalistas e técnicos da Europa central (entre os quais Pohl e Natterer) que
vieram ao Brasil por ocasião do casamento de D. Leopoldina, Arquiduquesa da
Áustria, com D. Pedro, herdeiro de D. João VI e que viria a ser o primeiro
imperador do Brasil.
A POPULAÇÃO DE ALVELOS EM 1840
Carlos Moreira Neto, no seu
já referido livro Índios da Amazônia, reproduz nas pp. 320-321 o
"Mapa Estatístico da Comarca do Alto-Amazonas em 1840", extraído do Dicionário
topográfico, histórico, descritivo da comarca do Alto-Amazonas”, do
capitão-tenente Lourenço da Silva Araújo Amazonas, publicado em 1852.
Os dados da época mostram a
população de Alvelos com os seguintes números: viviam na Vila 80 brancos, 200
mamelucos, 411 indígenas, 59 mestiços e 10 escravos, sendo, portanto o total de
moradores de Alvelos 760 pessoas.
[1] Carta de
Domingos Macedo Ferreira para João Batista Mardel. Alvelos, 27 de março de 1786
(In: BPCEDEAM,
n.o5, 1984, p. 64).
1 Comentários
Daniel parabéns ultimamente vc vem postando a história do nosso município, muito bom pra gente sabe o passado do nosso antepassado. 👏👏👏👏👏👏
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